Comentário - Célia
Este foi o e-mail que recebi da colega Célia. Ela me pediu que postasse aqui o seu texto. Confira:
"Nossos colegas relataram suas impressões sobre a visita feita ontém à cadeia, extremamente interessante! Então, achei legal compartilhar com vocês a visão de alguém que não participou da visita.
Não participei da visita, e assumo que não o fiz por pura covardia! Não no sentido de ter medo de que os presos nos fizessem alguma coisa, mas no sentido de não querer enfrentar um conflito interior. Eu trabalhei por muitos anos com a população infantil de um dos bairros mais carentes desta cidade, e tenho conhecimento de que alguns de meus ex "pacientinhos" , infelizmente, estão por lá, assim como alguns outros conhecidos. E, sinceramente, não quis encontrá-los! Reconheço, como disse, que foi pura covardia! Tive medo, sim! Medo de enfrentar uma realidade que eu não sei como mudar, e que de certa forma eu colaboro para que exista! Porque todos nós temos pena, todos nos indignamos, mas nenhum de nós faz nada, seja porque achamos que não podemos, ou porque não sabemos o que fazer, e quando nada fazemos, além de lamentar e criticar o sistema, também contribuimos para que ele exista. Então, como costumo dizer, fiz o que faz a maior parte da sociedade, como fazem as crianças que brincam de esconder, cobri meus olhos, para "não deixar" ninguém me encontrar.
Ver um de meus "pacientinhos" lá, seria como ver um de meus filhos, e não acho que tivesse estrutura para isto; ver um estranho é triste, lamentável, mas é como assistir a um filme, passado algum tempo ninguém mais vai pensar nisto, todos continuarão a levar suas vidas, mas ver alguém que você acompanhou desde pequenininho, despertaria meus fantasmas, me faria sentir mais impotente do que já me sinto. Pode parecer uma posição egoísta, e até considero que seja, mas é a pura realidade, a minha realidade. Espero um dia ser capaz de fazer essa visita, porque significará que eu encontrei uma forma de ajudar a modificar essa situação, lamentavelmente, não foi agora!"
Não participei da visita, e assumo que não o fiz por pura covardia! Não no sentido de ter medo de que os presos nos fizessem alguma coisa, mas no sentido de não querer enfrentar um conflito interior. Eu trabalhei por muitos anos com a população infantil de um dos bairros mais carentes desta cidade, e tenho conhecimento de que alguns de meus ex "pacientinhos" , infelizmente, estão por lá, assim como alguns outros conhecidos. E, sinceramente, não quis encontrá-los! Reconheço, como disse, que foi pura covardia! Tive medo, sim! Medo de enfrentar uma realidade que eu não sei como mudar, e que de certa forma eu colaboro para que exista! Porque todos nós temos pena, todos nos indignamos, mas nenhum de nós faz nada, seja porque achamos que não podemos, ou porque não sabemos o que fazer, e quando nada fazemos, além de lamentar e criticar o sistema, também contribuimos para que ele exista. Então, como costumo dizer, fiz o que faz a maior parte da sociedade, como fazem as crianças que brincam de esconder, cobri meus olhos, para "não deixar" ninguém me encontrar.
Ver um de meus "pacientinhos" lá, seria como ver um de meus filhos, e não acho que tivesse estrutura para isto; ver um estranho é triste, lamentável, mas é como assistir a um filme, passado algum tempo ninguém mais vai pensar nisto, todos continuarão a levar suas vidas, mas ver alguém que você acompanhou desde pequenininho, despertaria meus fantasmas, me faria sentir mais impotente do que já me sinto. Pode parecer uma posição egoísta, e até considero que seja, mas é a pura realidade, a minha realidade. Espero um dia ser capaz de fazer essa visita, porque significará que eu encontrei uma forma de ajudar a modificar essa situação, lamentavelmente, não foi agora!"
Célia Leiko Konno Carrozza
5º A
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